terça-feira, 28 de setembro de 2010

Até quando? Dez policiais militares já foram vítimas de assassinatos este ano

Já subiu para 10 o número de policiais militares assassinados no Ceará este ano. O último caso foi na quinta-feira passada, quando o soldado PM Regineudes Freitas Reis de Melo, 27 anos, foi executado com cinco tiros. O crime aconteceu na calçada da casa do soldado, na Aerolândia, quando ele saía da residência para fazer uns pagamentos. Os autores ainda não foram identificados.


“Estamos investigando, já ouvimos familiares do policial e testemunhas do caso. Só não podemos dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações. Mas acredito que brevemente teremos os responsáveis pelo crime. Já existem suspeitos”, disse o delegado diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, Rodrigues Júnior, que está à frente das investigações.

Além do soldado Regineudes, foram mortos este ano os soldados Antônio Sidney da Silva Barreto, Pedro Basílio dos Santos, José Wállyson Alves Lisboa, Jorge Helegário Medeiros Tamariana, Marcondes Sampaio de Menezes, Gildo Silva de Souza e ainda Edson Bonfim de Souza, além dos cabos PMs Francisco das Chagas Gomes Leal e Salomão Vítor Barroso.

“PRECISAMOS DO APOIO DA

SOCIEDADE”, DIZ MAJOR DA PM

Uma profissão perigosa, difícil, cansativa e árdua. É assim que o major da PM Alberto Tavares, que no momento exerce função no setor de Relações Públicas da Polícia Militar, define o trabalho do policial. Com 20 anos de profissão, Alberto faz parte de uma família com profissionais militares. “Acho que a sociedade precisa apoiar a gente. Um bom dia, um muito obrigado, às vezes, é muita coisa”, desabafou.

“Nossa função é preservar a ordem pública, combater o crime. Eu ponho em risco todo dia a minha vida. O nosso trabalho é evitar que aconteça o crime. Hoje, existe uma desvalorização do profissional”, avalia. Se um PM cometer um crime ou uma irregularidade, o major lembra que ele precisa ser punido. “Mas todos os policiais militares não podem ser apontados como criminosos. Não é assim. A sociedade está esquecendo o valor do policial”.

O policial dá mais um lembrete: “O cidadão precisa sempre lembrar que nós estamos do mesmo lado que a sociedade. Quando o militar faz a busca de armas num trabalhador, ele está agindo para sua segurança. Se o soldado faz a busca no cidadão, vai também fazer no bandido. A PM necessita e muito do apoio da sociedade”.

ACOMPANHAMENTO DOS CASOS

O presidente da Associação dos Cabos e Soldados dos Militares do Ceará (ACSMCE), Flávio Sabino, ressaltou que os casos de violência contra PMs são acompanhados pela entidade através do setor jurídico e, com isso, busca agilizar os inquéritos policiais junto às autoridades públicas. “Hoje, a violência é perene em nosso estado, e como somos os agentes que combatem a criminalidade acabamos fazendo inimizades, o que contribui para um risco maior de nossas vidas, além da própria atividade em si já ser de risco”.

Para Sabino é difícil resolver o problema da violência contra o policial, “uma vez que somos a categoria que mais morre em objeto de serviço no Estado e no País”. Segundo ele, coletes só são usados quando o militar está em serviço. A corporação não permite o uso do equipamento fora do trabalho. “Por ser caro, os PMs não tem condições de comprar um colete para uso pessoal. A verdade é que damos segurança a todos, mas não temos segurança para nós mesmos”, observou.

Conforme Flávio Sabino, atualmente, a família do militar que for vítima de morte natural, recebe um seguro de vida do Estado no valor em torno de R$ 2.800,00. Já, em caso de morte acidental, a quantia sobe para R$ 18.500,00. Sabino disse ainda que, em 2005, durante a reformulação do estatuto dos militares, a ACSMCE apresentou proposta para que esse valor aumentasse para R$ 50.000,00. A proposta foi acatada pela Assembleia e vetada pelo então governador à época.

FONTE: http://www.oestadoce.com.br/?acao=noticias&subacao=ler_noticia&cadernoID=10&noticiaID=34520

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