quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Três policiais civis são indiciados

Tiago Braga - 19/08/2010 02:00


A Delegacia de Maracanaú concluiu o inquérito sobre o caso dos três policiais civis acusados de extorquir, sequestrar e torturar familiares de um soldado do Ronda do Quarteirão. Os três inspetores foram indiciados. Eles continuam presos


Os três policiais civis acusados de extorquir, sequestrar e torturar familiares de um cabo da Polícia Militar, no último dia 6, foram indiciados na Delegacia Metropolitana de Maracanaú. O inquérito foi enviado ontem à Justiça e ao Ministério Público. Aristides Ferreira dos Santos Neto, José Benedito Lopes Ribeiro e Raimundo Flavinei Moreira Liberato foram indiciados pelos crimes de extorsão mediante sequestro e tortura. “A gente concluiu o caso após colher provas e ouvir testemunhas”, informou o delegado Flávio Lemos, sem dar mais detalhes das investigações.

Os acusados, lotados no 6º Distrito Policial, em Messejana, foram detidos no último dia 9 e seguem presos. O advogado deles, Paulo Pimental, já entrou com pedido de habeas corpus para revogar a prisão. A solicitação ainda não foi apreciada pela Justiça.

Em depoimento, o cabo da PM e seus familiares detalharam a denúncia. Segundo eles, a filha do PM, grávida de três meses, estava em um sítio, em Horizonte, quando os policiais civis chegaram, por volta das 15h30min. Os inspetores teriam dito que estavam lá para cumprir um mandado de prisão contra o marido dela e para procurar drogas. O esposo, que já respondeu por tráfico de drogas e porte ilegal de arma, não estava no sítio.

Além da filha do PM, estavam no sítio o irmão dela, soldado do Exército; o sobrinho do marido, um adolescente de 17 anos; e o caseiro. Durante a revista no sítio, eles teriam sido torturados. “Os policiais deram um soco na barriga do caseiro e colocaram um saco de plástico na cabeça dele”, exemplificou o cabo Raimundo Nunes Fernandes, soldado do Ronda do Quarteirão de Maracanaú.

Após a revista, os inspetores teriam levado as vítimas para Fortaleza, usando a viatura da Polícia. Nesse momento, os policiais teriam entrado em contato, por telefone, com o marido da filha do PM e iniciado a extorsão. Segundo a versão da família, foi pedido um resgate de R$50 mil. O valor teria sido reduzido para R$ 15 mil.

O inquérito foi encaminhado para a Vara Única de Horizonte. O diretor de secretaria da comarca, João Neto, explicou que, primeiro, o documento será analisado pelo Ministério Público. “Eles têm três opções: denunciar os acusados; pedir novas diligências; ou o arquivar por falta de elementos suficientes.” O prazo para o parecer do MP é de cinco dias.

ENTENDA O CASO

> Um dos policiais civis - Aristides Ferreira dos Santos - responde a um processo na Justiça por tentativa de homicídio.
> O crime teria sido cometido em julho de 2007. O inspetor teria efetuado disparos de arma de fogo em uma rua no bairro Pici. Um dos disparos atingiu o músico de uma banda de pagode que realizava um show numa pizzaria do bairro. O tiro atingiu a coxa esquerda da vítima.
> A pena para o crime de extorsão mediante sequestro é de oito a 15 anos de prisão. Já para o crime de tortura a pena prevista é de dois a oito anos de reclusão.
> A prisão dos três policiais civis é temporária (30 dias). O delegado Flávio Lemos não informou se foi pedida a prisão preventiva deles. “Não posso revelar agora”, disse, acrescentando que aguardará o parecer do Ministério Público.
> O advogado dos policiais civis, Paulo Pimentel, nega a versão da família do PM. Segundo ele, os inspetores não fizeram nada que possa ser considerado ilícito.
> O valor do resgate teria sido angariado com a família do PM. Após o pagamento, o cabo teria seguido os policiais. A denúncia na delegacia foi feita em seguida.
> As vítimas fizeram exame de corpo delito na Perícia Forense.

FONTE: http://opovo.uol.com.br/app/o-povo/fortaleza/2010/08/19/interna_fortaleza,2032030/tres-policiais-civis-sao-indiciados.shtml

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