segunda-feira, 21 de março de 2011

Transito em Fortaleza: As 15 vias com mais infrações

21/3/2011

558.820 multas foram registradas pela AMC em 2010, ou seja, 1.552 por dia. Dezessete mil em um único cruzamento

Em uma única via, na Avenida Almirante Henrique Saboia, conhecida como Via Expressa, 17.932 infrações de trânsito foram registradas no ano passado. Este ponto lidera a relação da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), dos 15 trechos de Fortaleza com mais autuações. Seguem no "ranking" a Beira-Mar, vice-líder com 17.554 multas; a Coronel Matos Dourado, continuação da Perimetral, com 13.156; e a Dep. Paulino Rocha, no Castelão, com 11.815 flagrantes.
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Além destas quatro, há, em seguida, Avenida Presidente Costa e Silva, a Dioguinho, a Santos Dumont, a Bezerra de Menezes, a Avenida José Américo, a Raul Barbosa e a Godofredo Maciel, dentre outras cheias de infrações. A AMC aplicou, em 2010, um total de 558.820 multas, sendo 1.552 por dia. Todas elas ligadas ao não uso do cinto de segurança, velocidade alta, cruzamento de sinal vermelho e estacionamento proibido.
Imprudência


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Os registros mais comuns incluem colisões, atropelamentos e engarrafamentos que atormentam a vida de motoristas e pedestres. Circulando diariamente por muitos desses 15 pontos, o taxista Reginaldo Barbosa, 59, afirma que a mobilidade urbana melhoraria se não houvesse tanta imprudência.

"Quantos congestionamentos não se formam por causa de uma simples batida ou devido a uma pessoa que parou o carro em fila dupla irregularmente?", questiona o motorista que das suas 15 horas de trabalho, passa quatro "espremido" em meio às filas que se formam nas vias.

Tentando atravessar a Rua Beni Carvalho, nas proximidades da Engenheiro Santana Junior, o consultor de empresas Lúcio Rocha, 41, demorou bastante até conseguir passar para buscar a filha no colégio. Eram muitos carros estacionados em local proibido, motoristas desrespeitando a faixa de pedestre e fechando os cruzamentos.

Prova da desordem era o fotossensor, no cruzamento com a Avenida Almirante Henrique Saboia, que não parava de "piscar", multando todos aqueles que teimassem em andar acima da quilometragem regulamentada. "Tem os sensores multando, tem a AMC fiscalizando de vez em quando, mas motoristas continuam a ser irresponsáveis".

Controle Urbano

O arquiteto Antônio Hollanda Cavalcante comenta que a cidade inchou e o processo não foi acompanhado de planejamento. "A decorrência desta deficiência no controle urbano é o elevado número de acidentes que ocorrem por diversos fatores. O principal deles é a falta de educação dos motoristas que não seguem as normas de trânsito. Defendo que fosse obrigatório o ensino de ´Educação para o Trânsito´ nas escolas", afirma.

Em segundo lugar na lista, a Avenida Beira-Mar sofre com carros e ônibus estacionados de forma inapropriada e, muitas vezes, trafegando com velocidade alta acabam por transformar o passeio em preocupação.

As irregularidades tiram a paciência de fortalezenses. "Essa confusão mostra a desordem, traz uma má impressão também para o turista", frisa a dona de casa, Cilene Melo, 42 anos.

DESCENTRALIZAÇÃO

Caos também nas ruas secundárias

Acabou-se o tempo em que apenas os grandes corredores - como a Avenida Pontes Vieira, Bezerra de Menezes e Engenheiro Santana Júnior - eram os que mais engarrafavam. Hoje, quase todas as vias de Fortaleza estão congestionadas em algum horário do dia, afirma o técnico da Divisão de Operação e Fiscalização da AMC, Gilson Liberato. "Até as vias menores e de periferia estão ruins de trafegar, inclusive em bairros mais afastados, como na Maraponga ou José Walter", frisa.

Apesar desta descentralização dos engarrafamentos, a AMC fez uma lista dos 10 cruzamentos mais congestionadas de Fortaleza. Aparecem tanto grandes corredores como vias intermediárias. Exemplo dos pontos mais saturados estão: Carapinima com Juvenal Galeno, Tereza Cristina com 13 de Maio, Coronel Linhares com Vicente Leite, Raul Barbosa com Murilo Borges, Tereza Cristina com Meton de Alencar, Armando Franklin com Eduardo Perdigão, Monsenhor Catão com Beni de Carvalho, Leite Albuquerque com Barbosa de Freitas, 13 de Maio com Luciano Carneiro e Barão do Rio Branco com Pedro Pereira.

Ganhando o "ranking", a Avenida Carapinima, no Benfica, dá dor de cabeças há muitos que, diariamente, enfrentam o vai-e-vem de carros, motos, ônibus e vans. Se sobram veículos "abarrotados", falta paciência e compreensão. Eram 18h e o mundo parecia ter estacionado, tudo parado em uma longa fila que se formava, ninguém conseguia sair do lugar. A contadora Giovana Albuquerque, 23, estava há mais de 10 minutos tentando atravessar a Carapinima, mas não conseguia. "É uma confusão tão grande, ninguém se entende. A avenida é muito estreita para tantos carros", diz.

Para o presidente da AMC, Fernando Bezerra, a principal medida para a redução de multas é a conscientização de cada condutor com o respeito e aplicação das leis de trânsito. "Para diminuir os congestionamentos, estamos reduzindo a quantidade de semáforos de três tempos para dar mais agilidade ao trânsito. Também estamos aumentando o número de semáforos centralizados ou inteligentes, que são controlado em tempo real", explica.

A AMC está preparando uma campanha que tem como objetivo principal evitar que os condutores fechem os cruzamentos. "Esta ação prejudica muito a fluidez do trânsito", pontua.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

Poder público deve investir em fiscalização

Prof. Mário Azevedo
Dep. Engenharia de Transportes

Vejo as estatísticas do número de multas do ano de 2010. Mais de 550.000 multas. É um número impressionante. Fico ainda mais preocupado quando ando pelas ruas de Fortaleza e presencio dezenas de infrações que não são transformadas em multas, pois a fiscalização não é tão presente quanto deveria. O Código de Trânsito é bastante simples, é preciso conhecê-lo para ter a carteira de motorista. Certamente há falta de educação, falta de civilidade e sensação de impunidade. Não acho que seja desconhecimento das regras, e a multa é a mais efetiva forma de educar esses adultos mal- educados.

Foram quase 100.000 multas por estacionamento proibido e similares, e esta ocorrência é uma das principais causas dos congestionamentos e atrasos do transporte público. Esses motoristas se encarregam de "estreitar" as vias. O poder público deve investir mais em fiscalização, tanto do uso e ocupação do solo, que é a "raiz" do problema. Existem planos e regras que podem ser colocados em prática rapidamente. É preciso rever planos estratégicos e operacionais, para encaminhar a cidade para um futuro mais sustentável, com muito mais transporte não motorizado e coletivo e menos automóveis particulares.

IVNA GIRÃO
REPÓRTER

FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=950783

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