sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caso Iraniano: PM acusado de integrar quadrilha se entrega à PF

Tiago Braga - 20/08/2010 02:00

PM que estava sendo procurado pela Polícia Federal se apresentou na sede da PF. O número de policiais militares presos na Operação Canal Vermelho já chega a seis. Parte do grupo teria envolvimento nas mortes "encomendadas" pelo iraniano Farhad Marvizi  

O sargento Joaquim Alves Marinho, 53, apontado pela Polícia Federal como um dos integrantes da organização criminosa liderada pelo iraniano Farhad Marvizi, 46, se apresentou ontem na sede da PF, no bairro de Fátima. Ele estava foragido e teve sua foto divulgada na imprensa. Além do sargento, encontram-se detidos outros cinco policiais militares que integrariam a quadrilha, acusada de matar pelo menos 10 pessoas em Fortaleza. O grupo seria ainda responsável pela tentativa de assassinato contra o auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira, que escapou de um atentado em dezembro de 2008. Todas as mortes teriam sido “encomendadas” pelo iraniano.


Segundo as investigações da PF, era um sargento da PM, identificado como Jean Charles da Silva Libório, que organizava as operações relacionadas às execuções. Ele e o iraniano foram presos no último dia 12 e transferidos, na quarta-feira, 18, para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O temor de mantê-los em Fortaleza, segundo O POVO apurou, era de que as ordens de matança continuassem - mesmo com os acusados já presos na sede da PF.

Ontem, O POVO mostrou, com exclusividade, que escutas telefônicas autorizadas pela Justiça teriam evitado mais uma morte “encomendada” pelo iraniano. A vítima seria assassinada a tiros na próxima semana, nas proximidades de uma conhecida casa de shows na área nobre da cidade.

Policiais

A Polícia Federal ainda está investigando como se dava a participação de cada policial militar na organização criminosa. Foi divulgado apenas que alguns se envolviam diretamente nas execuções e outros faziam a segurança da família e das lojas do iraniano, que é empresário do ramo de eletroeletrônicos. Os militares teriam sido contratados para formar uma rede de proteção em torno de Farhad, apontado como chefe de um esquema milionário de contrabando.

Conforme O POVO apurou, o policial que se apresentou ontem na sede da PF fez parte do antigo Comando de Operações Especiais (COE), considerada a tropa de elite nos tempos da Ditadura Militar. Na época, integrantes do grupo foram acusados de praticar torturas e homicídios. A assessoria de imprensa da Polícia Federal não informou do que o sargento Marinho está sendo acusado. A assessoria divulgou apenas que ele se apresentou por volta das 17 horas de ontem, recebendo “voz de prisão” em seguida.

E-MAIS

> Ao todo, seis PMs foram detidos na Operação Canal Vermelho, deflagrada no último dia 12. O sargento Libório (que responde a processos por homicídio) e o sargento Cláudio Nascimento Cardoso foram presos nesse dia. No dia seguinte, mais um PM, identificado apenas como soldado Góis, foi preso.
> Na última quarta-feira, 18, outros dois PMs também foram detidos: Antônio Santos Pereira Júnior e Mário Jarbas Andrade de Carvalho. O sargento Marinho completa a lista.
> Durante toda a tarde e a noite de ontem, O POVO tentou entrar em contato com o major Marcus Costa, relações públicas da PM, para saber sobre a situação dos policiais. Não houve retorno.

Fora os PMs e o iraniano, pelo menos outras oito pessoas foram detidas na operação. Entre as mortes apuradas estão a de um empresário do ramo de telefonia móvel e de um casal morto dentro de sua casa, no Conjunto Esperança. Segundo as investigações, teriam morrido quem entrou no caminho da quadrilha, quem era concorrente e os que sabiam demais.

FONTE: http://opovo.uol.com.br/app/o-povo/fortaleza/2010/08/20/interna_fortaleza,2032490/pm-acusado-de-integrar-quadrilha-se-entrega-a-pf.shtml

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